setembro 26, 2006

21ª pág.

antigo e de pernas cruzadas… Logo percebi
que tinha partido numa das suas aventuras e
que me tinha deixado como presente aquela
cadeira, eu já o conhecia bem, e ele a mim,
pois sabia do meu sonho pela arte do cinema.
Ainda hoje me sento nela e sonho como ele…
Ainda hoje o espero, nas quartas-feiras que tiro
o pó ao gira-discos… Afinal, meu sobrenome será
sempre Fox...

12 Jun '06



(texto que participou no concurso de escrita criativa'06 do Instituto Superior Técnico)

setembro 08, 2006

20ª pág.

com ainda mais atenção. Só podia ficar
até pouco antes das dezassete horas, pois minha
avó fazia questão de minha presença no
chato e tradicional chá. Coisas de ingleses.
Nestas coisas sentia-me bem portuguesa, afinal,
tinha nascido no coração de Lisboa, por
ruelas de Alfama. Desde muito cedo que
eu e minha mãe trocámos o Tejo pelo nevoeiro
londrino, ‘para uma vida melhor’ explicava-me
ela. Duas quintas nossas tinham sido invadidas
por camponeses em fúria gritando ‘Igualdade!’,
restava-nos a pequena casa com vista para o
panteão. Chamavam-lhe o ‘dia da Liberdade’…
Numa daquelas tardes que enganava a soberania
de minha avó, dizendo que minha mãe passaria
pelo colégio para sairmos juntas, cheguei a
casa do Fox e reparei nalgo estranho, porta
semi-aberta… Chamando por seu nome fui entrando
e não o encontrei… No centro da sala do
gira-discos apresentava-se uma cadeira de aspecto