setembro 08, 2006

20ª pág.

com ainda mais atenção. Só podia ficar
até pouco antes das dezassete horas, pois minha
avó fazia questão de minha presença no
chato e tradicional chá. Coisas de ingleses.
Nestas coisas sentia-me bem portuguesa, afinal,
tinha nascido no coração de Lisboa, por
ruelas de Alfama. Desde muito cedo que
eu e minha mãe trocámos o Tejo pelo nevoeiro
londrino, ‘para uma vida melhor’ explicava-me
ela. Duas quintas nossas tinham sido invadidas
por camponeses em fúria gritando ‘Igualdade!’,
restava-nos a pequena casa com vista para o
panteão. Chamavam-lhe o ‘dia da Liberdade’…
Numa daquelas tardes que enganava a soberania
de minha avó, dizendo que minha mãe passaria
pelo colégio para sairmos juntas, cheguei a
casa do Fox e reparei nalgo estranho, porta
semi-aberta… Chamando por seu nome fui entrando
e não o encontrei… No centro da sala do
gira-discos apresentava-se uma cadeira de aspecto